A simplicidade do ovo mexido
Podem uns simples ovos mexidos ser um manjar dos deuses?
O dia amanheceu ao som da natureza e o primeiro raio de sol foi o despertador.
Neste “paraíso escondido” o pequeno-almoço estava na mesa.
Ao terceiro dia, ganho coragem e gabo os ovos. “Mal-mexidos” ao ponto de se identificarem as diferentes texturas e cores da gema e da clara em diversos pontos de cozedura. Macios quase veludo, sabor intenso polvilhado de cebolinho. Um regalo à vista e ao palato.
Os melhores de sempre! Penso e digo.
- “E qual o segredo? Feitos com manteiga?”, pergunto a medo?
- “Sim”, chega a pronta resposta sem cerimónias. E continua - “Os ovos ´são caseiros´, de uma vizinha que tem galinhas. E são mexidos pelo meu pai!”
O pai da Gisela chama-se Glen, marido da Bernie, anfitriões do “Paraíso Escondido”.
O requinte e o luxo está na mais pura das simplicidades. Cheiro a estevas, ovos de galinhas criadas no campo, ali ao lado, mexidos com carinho pelo dono da casa.
Nas memórias de infância, num paraíso que já só existe na memória, os ovos eram “à Cardoza” e motivo de intensa discussão, como tudo o que se passava à mesa. Mexidos pelo meu pai como o seu pai gostava. Azeite aquecido, misturado nos ovos antes de cozinhados, bem diferentes dos do Glen.
Nos diversos paraísos, longínquos, perdidos, escondidos ou futuros, uns simples ovos mexidos podem ser um manjar dos deuses e levar-nos ao céu.
Sugestão musical: O galo é dono dos ovos, tema de Sérgio Godinho