Bifanas na Campanhã
Clara Rocha a preparar uma bifana na ‘Cervejaria O Astro’, Campanhã, Porto. Foto de Luís Neves
Estamos numa tarde fria de Inverno em 1984. Depois de uma longa viagem de comboio, parei no Porto. Enquanto esperava pelo comboio para a Régua, aventuro-me para fora da estação e, mesmo em frente, vejo um pequeno café com uma montra de vidro do lado esquerdo onde estava um homem a preparar bifanas que tirava de uma enorme frigideira onde borbulhava um molho vermelho com um ar muito apetitoso. Para um rapaz de 19 anos cheio de fome, o cenário era deveras tentador.
O resultado não desiludiu. Comi duas em rápida sucessão. E depois um caldo verde. Foi de tal modo que nunca mais esqueci aquele meu primeiro encontro gastronómico com o Porto, cidade que adoro de forma crescente à medida que os anos passam.
O Caldo Verde é a companhia perfeita para a bifana n’O Astro. E vem com um pedaço de Broa de Avintes. Magnífico! Foto de Filipe Gill
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Corta para 2023. De volta ao Porto para um projeto de trabalho com o ‘nosso’ Luís Neves, estamos um dia à espera do comboio de volta para Lisboa, quando decidimos ir beber um café. Eu já tinha escrito sobre esta experiência num artigo anteiror.
Voltamos ao Astro – assim se chama o agora restaurante – e inesperadamente constatamos que continua a fazer e servir as bifanas da minha memória. Suculentas, macias e com a humidade e intensidade certas para molhar a tradicional carcaça. Trinta e nove anos depois continuam deliciosas!
A filha, Clara Rocha – na foto em cima a preparar com ternura mais uma bifana – juntamente com o irmão, segue a tradição da família com orgulho e mantem a qualidade das bifanas e a rapidez de serviço. Por sua vez a sua filha Bebiana, também já está a aprender com Mãe e Tio… A terceira geração garante o futuro desta muito especial versão de ‘street food’ à portuguesa.
Obrigado pelo vosso trabalho em prol da cultura gastronómica portuguesa!
O Astro, Campanhã, Porto
Música recomendada: É hora, Djavan. Música da “trilha sonora” da novela “O Astro”.
