Romaria dos pêssegos à minhota 

Photo Luís Neves

Abriu hoje a época. Acontece assim todos os anos, uma romaria ao Galeto um bocadinho depois dos santos. O aviso no calendário é dado pelo final dos festejos do São João. Ou então, o aparecimento dos primeiros pêssegos na praça. Amarelos e bem maduros, como tem de ser. Os pêssegos à minhota chegam com o verão e o calor. 

A fruta é da época e tem de estar bem madura, a desfazer-se e suculenta. Fica mergulhada em vinho verde branco, açúcar e o resto dos ingredientes (se os há…) são um segredo que nunca consegui arrancar a nenhum dos simpáticos empregados de mesa do Galeto, icónico snack-bar situado na Avenida da República, em Lisboa.  

Um ano inteiro à espera da safra dos pêssegos para iniciar a romaria. 

O pêssego, laminado num corte preciso e fino, absorve do vinho carácter: macieza e textura, frescura e aroma. O perfume da fruta é discreto e não desvia do amarelo vivo e brilhante que emana da taça. Na calda, o sumo da fruta mistura-se com o vinho verde branco. Nenhum dos sabores se apaga e ambos sobressaem destacando-se com vigor e harmonia. Simples, fresco e saboroso. 

O corte da fruta, a qualidade do vinho produzido no Minho (norte de Portugal), a dose certa de açúcar e o correcto tempo de refrigeração fazem o milagre. Disso sabem os Deuses e as mãos que preparam este néctar. 

A receita, não aparece em nenhum compêndio nem na internet. Por isso, enquanto for época do pêssego amarelo, é tempo de romaria ao Galeto.  

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