Rotas atlânticas

Sopa de Chícharos, no Festival Gastronómico Saborea Madeira. Foto de Luís Neves

Quando escrevi “A descoberta dos chícharos” nos Gastronautas não fazia ideia da importância desta leguminosa na história do povoamento das Ilhas da Madeira e do Porto Santo. 

Afinal, não são só as terras de Sicó - Alvaiázere que produzem esta leguminosa. 

Sobretudo no Porto Santo, a cultura do chícharo teve desde o início do povoamento da Madeira um papel fundamental, por ser de sequeiro e se adaptar bem ao tipo de solo. 

No início do século XX, o chícharo praticamente desapareceu da Ilha mas nos últimos anos tem sido reintroduzido com sucesso. Para isso contribuiu a consciência da necessidade de desenvolver destinos gastronómicos sustentáveis e apoiar a produção de alimentos nutricionalmente relevantes adaptados aos solos e clima.

Aqui estou, pois, a pôr tudo em pratos limpos. 

Foi no Festival gastronómico Saborea Madeira, edição de 2023, que descobri o chícharo “autonómico”, depois de inúmeras visitas à Ilha.

O chícharo é uma das oito rotas identificadas como linhas de trabalho para desenvolver o turismo gastronómico, sustentável e autêntico deste arquipélago da macaronésia.  

Além do chícharo, as restantes rotas são dedicadas ao pão, tubérculos, cuscuz, mariscos e moluscos, peixe, fruta e doçaria conventual. Seguindo estas rotas, podemos partir à descoberta da história da ilha e do seu povoamento ao longo dos últimos seiscentos anos.

Além do chícharo, as restantes rotas são dedicadas ao pão, tubérculos, cuscuz, mariscos e moluscos, peixe, fruta e doçaria conventual. Seguindo estas rotas, podemos partir à descoberta da história da ilha e do seu povoamento ao longo dos últimos seiscentos anos. E conhecer o sabor único apurado por muitas gerações, de uma terra que em cada bago de chícharo que produz põe tudo quanto é.   

Valorizar a cozinha vulcânica e divulgar a qualidade dos produtos insulares é um desígnio. O  turismo gastronómico desempenha cada vez mais um atrativo cultural e desempenha, ao mesmo tempo, uma oportunidade de promover localmente atividades produtivas ligadas à sustentabilidade económica e social de territórios ultraperiféricos.

Façamos um brinde, com cálice de Madeira, às oito rotas gastronómicas e a toda a cadeia que trabalha para que esses alimentos cheguem até nós.   

Sugestão musical: Embalo, de André Santos

Nota: Os Gastronautas participaram no Festival Gastronómico Saborea Madeira a convite da Acif.



 

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