Sai uma Bica, na Quarteira

Exposição “Com os pés na terra e as mãos no mar”, Quarteira. Foto de Luís Neves

Em quase todo o país, se gritarmos “sai uma bica”, trazem-nos um café. Mas na Quarteira, no restaurante Alphonso´s, arriscamo-nos a que nos chegue à mesa um peixe.

E que boa surpresa foi esta Bica vinda do mar, num jantar solitário numa noite ventosa de primavera.

Na ementa era sugestão do dia. Desconhecida tal espécie, franzi o sobrolho. “Parecida com a dourada”, disseram. Do mar! , a senha certa.

Grelhada, veio a Bica, acompanhada de batata cozida e legumes “legítimos”, escolhidos no mercado nesse dia pelo cozinheiro. Coisa rara nos tempos que correm.

A Bica foi uma boa descoberta. Suculenta, textura firme, como se deseja de um peixe fresco bem grelhado, a um preço acessível. Comida honesta, comércio justo. Voltei ao almoço no dia seguinte, com companhia. Massinha de Garoupa, não desiludiu. “Vejo que gosta de peixe…”.

Serviço genuíno, sem filtros ou etiquetas, numa terra tomada pelo turismo de massas mas onde se pode comer bem e barato bons frutos do mar e da terra.

Quanto à Bica, por causa do Alphonso´s, faz agora parte do meu cardápio de peixes de eleição. Na próxima ida ao mercado saberei distingui-la, se por lá estiver, entre Besugos e Gorazes. A Bica tem como atributos uma cabeça pontiaguda e o bordo do opérculo (placas ósseas localizadas antes das guelras) encarnado. O Besugo tem mancha vermelha escura na base da barbatana peitoral e o Goraz uma mancha negra no início da linha lateral.

Sai uma Bica na Quarteira, diretamente do mar! Para esmoer, pós-repasto, aconselha-se a visita à exposição “Com os pés na terra, e as mãos no mar”, para conhecer a história de Quarteira.

Sugestão musical: Orquestra de Jazz de Matosinhos + Carlos Bica & Azul - Alguém olhará por ti

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